Bruno Henrique é acusado de envolvimento em esquema de apostas

Denúncia do ministério público inclui estelionato, fraude esportiva e pedido de indenização de R$ 2 milhões

Bruno Henrique em campo pelo Flamengo
Bruno Henrique em campo pelo Flamengo

O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi formalmente denunciado nesta quarta-feira pelo Ministério Público do Distrito Federal (MP-DF), sob as acusações de estelionato e fraude esportiva. A denúncia envolve também mais oito pessoas, entre elas o irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Júnior. O MP ainda solicita que, em caso de condenação, o atleta pague uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais coletivos.

As investigações se baseiam em uma apuração da Polícia Federal, que já havia indiciado Bruno Henrique em abril. O caso gira em torno da suposta antecipação de informações privilegiadas a respeito da aplicação de um cartão amarelo durante a partida entre Flamengo e Santos, válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023. Segundo as autoridades, a informação teria sido compartilhada com o irmão do jogador, que usou o dado em apostas esportivas.



A denúncia do MP traz trechos de conversas entre Bruno Henrique e o irmão, nas quais o jogador revela a data em que receberia o cartão. Em uma das mensagens, Wander teria perguntado: “Quando o pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk”, ao que o camisa 27 respondeu: “Contra o Santos”. Bruno Henrique ainda afirmou que não levaria o cartão em jogo anterior, dizendo: “Não vou reclamar”, e completou: “Só se eu entrar duro em alguém”. Na resposta, o irmão vibrou: “Boua já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso”.

O MP considera que Bruno Henrique atuou diretamente na execução do plano criminoso. “O denunciado Bruno Henrique Pinto concorreu de qualquer forma para todos os três crimes de estelionato descritos nesta série, uma vez que, segundo já asseverado, municiou Wander com a informação privilegiada acerca da sua punição (cartão amarelo) de forma adiantada, a qual foi o ardil necessário para o locupletamento – ainda que tentado – de vantagem em detrimento das plataformas de apostas on-line, sabendo ele que a informação seria utilizada para aquele fim específico”, aponta a denúncia.



Além da pena máxima de até 17 anos e oito meses de prisão, o Ministério Público também solicitou que a Justiça Federal determine uma fiança de R$ 2 milhões como garantia de que o atleta comparecerá às etapas do processo.

Durante a investigação, a Polícia Federal identificou dez pessoas ligadas ao esquema. Três delas são parentes de Bruno Henrique: o irmão Wander, a cunhada Ludymilla Araújo Lima e a prima Poliana Ester Nunes Cardoso — todos apostaram na referida partida contra o Santos. Um dos investigados, Douglas Ribeiro Pina Barcelos, amigo de Wander, não foi denunciado porque firmou um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), admitindo o crime em troca de pena alternativa.

O próprio MP ofereceu ANPP a sete dos envolvidos, exceto a Bruno Henrique e seu irmão. O órgão justificou a exclusão com a seguinte argumentação: “Bruno Henrique é atleta de expressão nacional, jogador do clube de futebol de maior torcida no país. É indivíduo tido como modelo de profissional bem-sucedido por torcedores, amantes do futebol, incluindo um contingente enorme de crianças e jovens que perseguem o sucesso alcançado por ele dentro e fora das quatro linhas e que nele veem um exemplo a ser seguido.”



O texto ainda ressalta que o jogador possui estabilidade financeira e não teria qualquer necessidade de participar de um esquema como esse: “Mesmo sendo um atleta bem-sucedido, rico, com a carreira estabelecida e jogador bem-quisto por uma enorme massa de torcedores e, além disso, mesmo ‘não precisando’ de qualquer vantagem econômica (…), Bruno Henrique cometeu os crimes que lhe são atribuídos, o que evidencia que uma solução negocial é efetivamente inepta para fins de reprovação e prevenção do crime.”

Essa não é a primeira vez que Bruno Henrique se vê envolvido em um processo criminal. Em 2021, o atacante firmou um ANPP e pagou R$ 100 mil após ter sido flagrado utilizando uma carteira de habilitação falsa durante uma blitz de trânsito.



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