Nesta sexta-feira (21), Flamengo e Chelsea se enfrentam na segunda rodada da fase de grupos da Copa do Mundo de Clubes, e o confronto reserva um reencontro com um velho conhecido dos bastidores rubro-negros: Enzo Fernández. O volante argentino, hoje com 24 anos e um dos nomes fortes do elenco inglês, esteve muito próximo de jogar no clube carioca em 2022.
Campeão mundial com a Argentina e destaque na Copa do Catar, Enzo chegou a ser uma das prioridades do departamento de futebol do Flamengo na época, então liderado por Marcos Braz e Bruno Spindel. O clube da Gávea negociou diretamente com o River Plate e se mostrou disposto a pagar 14 milhões de euros, valor acima dos R$ 60 milhões na cotação de então. O acerto salarial com o jogador também já estava encaminhado, e a diretoria argentina sinalizava positivamente para o negócio.
No entanto, o cenário mudou radicalmente com a entrada do Benfica. O clube português, após lucrar com a venda de Darwin Núñez ao Liverpool, abriu os cofres para contratar Enzo, oferecendo 10 milhões de euros fixos por 75% dos direitos econômicos do jogador, além de 8 milhões em bônus. Ciente da força financeira dos portugueses e da vontade do volante em atuar na Europa para disputar a Champions League, o Flamengo optou por sair da disputa.
Durante participação no podcast “Los Edul”, o próprio Enzo confirmou que esteve perto de atuar no Rubro-Negro antes de rumar para Lisboa:
— Flamengo, antes do Benfica. Mas eu queria jogar a Champions — afirmou o jogador.
A ligação de Enzo com o Flamengo também envolve provocações. Recentemente, ele protagonizou uma cena curiosa com Léo Ortiz, zagueiro rubro-negro, durante a vitória da Argentina sobre o Brasil por 4 a 1 nas Eliminatórias. Na ocasião, Enzo foi flagrado zombando de Ortiz com caretas e o chamando de “tontito” após o defensor brasileiro entrar em campo no segundo tempo da partida.
Antes de se firmar no futebol europeu, Enzo trilhou seu caminho com a camisa do River Plate. Revelado nas categorias de base do clube argentino, ele estreou como profissional em 2020, após passagem marcante pelo Defensa y Justicia, onde conquistou a Recopa Sul-Americana em cima do Palmeiras. A boa fase o credenciou à venda para o Benfica em 2022, onde brilhou antes de ser contratado pelo Chelsea por 121 milhões de euros — tornando-se a transferência mais cara da história da Premier League.
Agora, Enzo volta a reencontrar o Flamengo, desta vez como rival no Mundial. Em entrevista à DAZN antes do torneio, o meia não poupou elogios ao clube carioca:
— A verdade é que o Flamengo é um grande clube de nível mundial e a atmosfera vai ser muito melhor porque os brasileiros são parecidos com a Argentina, muito apaixonados.
Na estreia do Grupo D, o argentino foi destaque na vitória do Chelsea sobre o Los Angeles FC, marcando o segundo gol da equipe inglesa. Após o jogo, reforçou sua admiração pelo adversário desta sexta:
— A verdade é que Flamengo eu conheço, porque fomos rivais quando eu estava no River Plate. É um clube muito grande a nível mundial, tem muita torcida, muitos bons jogadores. Vai ser o lindo espetáculo. Eles são muitos, têm muita torcida. Será uma grande partida.
Apesar do prestígio e do talento, Enzo se viu envolvido em uma grande polêmica em 2024. Após o título da Argentina na Copa América, durante uma live no ônibus da seleção, o volante filmou parte da comemoração dos jogadores, mas interrompeu a transmissão ao perceber que um canto preconceituoso — de cunho racista e homofóbico — começava a ser entoado.
A música, que ficou marcada desde a Copa de 2022, gerou forte repercussão negativa. Enzo veio a público pedir desculpas, mas o episódio gerou desconforto interno no Chelsea. Jogadores franceses do elenco, como Fofana, Disasi, Badiashile, Malo Gusto, Ugochukwu e Nkunku, ficaram revoltados. Fofana se manifestou duramente: “o futebol em 2024: racismo desinibido”. Alguns companheiros chegaram a deixar de seguir o argentino nas redes sociais.
Enzo se desculpou também pessoalmente no vestiário e, mesmo com o clima tenso, acabou reconquistando o grupo e chegou a vestir a braçadeira de capitão pouco tempo depois.
Agora, o camisa 8 do Chelsea reencontra o Flamengo num palco mundial, em busca da liderança do grupo e com muitas histórias cruzadas com o Rubro-Negro.