Nesta segunda-feira, sócios do Flamengo escolhem o novo presidente que conduzirá o clube no triênio 2025-2027. Com votação programada das 8h às 21h no Ginásio Hélio Maurício, na sede da Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro, cerca de seis mil sócios estão habilitados para participar do processo.
Diferentemente dos pleitos anteriores, realizados tradicionalmente aos sábados, a eleição deste ano ocorre em um dia útil, trazendo outra novidade: a utilização de urnas eletrônicas cedidas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). O Ministério Público também acompanhará a votação. Além disso, cédulas de papel estarão disponíveis como complemento ao voto eletrônico, caso necessário.
Os sócios rubro-negros decidirão entre Rodrigo Dunshee, Luiz Eduardo Baptista (Bap) e Maurício Gomes de Mattos. A expectativa é de que até três mil eleitores compareçam ao local ao longo do dia.
Na última semana, o Poder Judiciário do Rio de Janeiro deferiu um pedido do atual presidente, Rodolfo Landim, permitindo que os sócios votem apenas com um documento oficial, sem a necessidade da carteirinha do clube.
Desafios futuros: equilíbrio entre futebol e estádio próprio
Apelidada de “eleição do século”, a disputa ocorre em um contexto desafiador. Após uma década de reestruturação financeira iniciada em 2012, com a gestão de Eduardo Bandeira de Mello, e consolidada sob a liderança de Rodolfo Landim, o Flamengo experimentou uma era de títulos e crescimento econômico. O clube alcançou uma arrecadação recorde de R$ 1,3 bilhão em 2023.
Agora, o grande desafio da próxima gestão será manter esse crescimento, conciliando a construção de um estádio próprio, estimada em quase R$ 2 bilhões, com a sustentabilidade financeira. A atual diretoria já se comprometeu com a aquisição do terreno e projeta a inauguração da nova arena até 2029, sem recorrer à venda de ações do clube por meio de uma SAF.
O futebol, principal motor do clube, segue como prioridade. O Flamengo aumentou significativamente os gastos com seu elenco profissional, incluindo salários elevados, e os três candidatos prometeram maior profissionalização no departamento.
Propostas e divergências entre os candidatos
Embora os três postulantes ao cargo tenham assegurado a continuidade do técnico Filipe Luís, cada um apresentou abordagens distintas para a gestão do futebol. Rodrigo Dunshee defende a manutenção do “Conselhinho do Futebol”, apesar da saída de Marcos Braz. Já Mattos e Bap propõem mudanças profundas, com o fim da participação de dirigentes amadores no dia a dia do departamento.
Todos concordam com a chegada de um novo diretor técnico. Dunshee mencionou conversas com Diego Ribas, enquanto Mattos destacou seu interesse no argentino Gustavo Grossi. Bap, por sua vez, não revelou nomes, mas o português José Boto é cogitado.
— “Teremos um diretor técnico que comandará o futebol de forma integral. Reformularemos processos e estruturas, sem indicações políticas ou pessoais”, declarou Bap ao GLOBO.
— “Nos últimos anos, o Flamengo disputou 21 finais em seis temporadas, resultado de uma gestão profissional. Vamos intensificar isso com um diretor esportivo reconhecido nacionalmente”, afirmou Dunshee.
— “Fomos a base da conquista da Libertadores em 2019 e deixamos o clube financeiramente saudável. Nossa gestão será estritamente profissional, sem favorecimentos pessoais”, destacou Mattos.
Apuração e início do mandato
A contagem dos votos deve durar cerca de uma hora, com o novo presidente sendo anunciado por volta das 22h. Embora a data oficial da posse ainda não tenha sido divulgada, o eleito assumirá as rédeas do clube em 1º de janeiro de 2025.
