Zico, o caminho de um sonho

O ano, 1967. A camisa 10 do Flamengo já tinha peso e patrono – Dida. Naqueles anos 60, seguir os passos do ídolo era sonho de todo menino rubro-negro. Franzino, mas de fino trato com a bola, Zico, aos 13 anos, não era diferente. Nas peladas, imaginava-se um Dida.

Parecia, no entanto, que o seu destino seria outro. O irmão Edu já tinha acertado que o levaria para o América. Um domingo, porém, mudou a sua vida. De tanto ouvir falar das proezas de um pequeno lourinho das redondezas, o radialista Celso Garcia, também morador de Quintino, resolveu ver de perto.

Zico vestia a camisa 10 do time do Santos num torneio de futebol de Salão no River.

– Era muito magrinho, mesmo assim sobressaía facilmente dos outros pelo seu futebol. Fez nove dos 14 gols de seu time. Mas o que mais impressionava era a antevisão das jogadas – lembra ainda hoje Celso Garcia.

Rubro-negro, o radialista procurou a família e pediu para deixá-lo levar o menino para um teste no Flamengo. Mas e o América? A decisão coube ao próprio Zico. E, meses depois, num dia de sol forte, chegava à Gávea pela primeira vez. O paraguaio Modesto Bria, técnico do infantil, assustou-se quando viu aquele garoto magrinho e titubeou.

– Sabia que estava levando um craque para o Flamengo – diz Garcia.

O radialista convenceu Bria a deixar Zico fazer o teste. Ele entrou na metade do treino, em meio a garotos de 16 anos e fisicamente mais fortes. Segundo Garcia, no primeiro lance pôs a bola entre as pernas de um deles. As jogadas se sucederam. Um show. Bria nem esperou o final do treino e, agradecido, foi atrás do radialista. Estava fascinado.

Daí para frente, Zico, com seu indiscutível talento e ajuda de alguns amigos, trilhou o caminho vitorioso que faz dele hoje também patrono da camisa 10 rubro-negra.

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