

Em 20 de novembro de 2005, o Flamengo escreveu mais um capítulo heroico em sua história, daqueles que só um clube com o DNA da superação poderia protagonizar. O palco era o Estádio Pinheirão, em Curitiba, cidade que há sete anos testemunhava derrotas do Rubro-Negro. O adversário, o Paraná, ocupava a parte superior da tabela, enquanto o Flamengo lutava desesperadamente para escapar do temido rebaixamento.
A tensão era palpável. O peso da camisa rubro-negra estava acompanhado de uma angústia coletiva: a ameaça de cair para a Série B. O time precisava de uma vitória contra todos os prognósticos. E foi exatamente isso que aconteceu.
Primeiro tempo de oportunidades perdidas e tensão crescente
Desde o início, o Flamengo mostrou que não estava ali para ser coadjuvante. Dominou a posse de bola, criou oportunidades, mas a trave e as decisões erradas na hora H pareciam conspirar contra. Aos 11 minutos, Diego Souza assustou a torcida adversária ao mandar uma cabeçada no travessão. Logo depois, Fellype Gabriel balançou as redes, mas com o braço, e o árbitro Leonardo Gaciba anulou o gol.
Enquanto o Flamengo insistia, o Paraná pouco ameaçava. Mas a insegurança de não transformar domínio em gols começava a pairar. A torcida rubro-negra, aflita, acompanhava o jogo com o coração na mão, sabendo que o tempo era inimigo.

A insistência contra a lógica: o segundo tempo
No segundo tempo, o roteiro parecia se repetir. Renato quase quebrou o jejum ao cobrar uma falta que desviou na barreira e explodiu na trave, com o goleiro Flávio ainda tocando na bola. A vitória parecia teimar em não vir.
O Paraná, confortável com o empate, jogava sem ousar. Do outro lado, o Flamengo precisava de algo mais. Precisava de coragem. Precisava de um herói.
Obina: de vilão a salvador
E foi aos 33 minutos que entrou em campo o personagem que mudaria tudo: Obina. Mal sabia ele que, em pouco mais de 15 minutos, deixaria o seu nome gravado na memória de milhões de rubro-negros.
Depois de cortar um chute perigoso de Leonardo Moura, atuando quase como zagueiro, Obina teve sua redenção aos 47 minutos. Num lampejo de genialidade e garra, recebeu a bola na entrada da área e, com um chute cruzado, venceu o goleiro Flávio. O silêncio tomou conta do estádio por um instante, antes de explodir em um grito de alívio e emoção dos torcedores rubro-negros que acompanhavam a partida.
A vitória que afastou o fantasma
O apito final trouxe não apenas o fim do jogo, mas a certeza de que o Flamengo estava muito próximo de evitar o rebaixamento. Com o resultado, o time precisava de apenas um ponto nas duas rodadas restantes.
A vitória no Pinheirão não foi apenas mais um jogo vencido. Foi uma demonstração da alma rubro-negra: lutar contra as adversidades, acreditar até o último segundo e transformar o impossível em realidade.
Legado de uma batalha vencida
Aquele 1 a 0 contra o Paraná foi mais do que três pontos. Foi um marco. Foi o jogo que mostrou, mais uma vez, que o Flamengo é diferente. É raça, amor e paixão. É a união de um time e sua torcida em busca de um objetivo maior.
O herói foi Obina, mas os protagonistas foram todos os jogadores que vestiram a camisa rubro-negra naquela tarde de novembro. E, acima de tudo, a Nação, que jamais deixou de acreditar.
Que essa vitória fique para sempre como um símbolo de superação, lembrando a todos que, no Flamengo, não há espaço para desistir.